A ansiedade é uma resposta normal do nosso sistema nervoso perante ameaças reais ou imaginárias, o que nos permite evitar situações desagradáveis ou de perigo e prepara-nos para sobreviver a elas. Dizemos por isso que é uma resposta normal e adaptativa.

No fundo, a ansiedade tem como objetivo fundamental proteger o nosso organismo (o nosso corpo) e garantir a nossa sobrevivência e segurança. Apesar de ser útil e vital, a ansiedade também se pode tornar num problema para nós, dependendo da sua intensidade e duração.

A ansiedade enquanto doença

A ansiedade é um problema (patológico = doença) quando se transforma numa preocupação ou medo irracional excessivo e interfere com a nossa qualidade de vida, com o nosso bem-estar emocional ou com aquilo que fazemos (ou não fazemos) no nosso dia a dia.

Ou seja, a ansiedade é um problema quando estamos permanentemente preocupados e vivemos a pensar em medos que podem acontecer no futuro. Medos e preocupações com a nossa saúde, a nossa família, problemas financeiros, o futuro, etc., são um constante sofrimento. Temos pensamentos negativos recorrentes, do tipo “vai-me acontecer … e vai ser terrível”; “e se eu não consigo…”.

A preocupação constante ou o medo impedem o processamento emocional e interrompem a resolução de problemas (fica mais rígidos em termos cognitivos e não conseguimos ver alternativas, só vemos problemas e só pensamos em problemas, tudo se transforma num problema).

Se penso numa coisa má, tenho uma emoção má e essa emoção má leva-me a um comportamento nocivo; e quando temos maus comportamentos temos maus pensamentos e assim sucessivamente.

Não conseguimos controlar os pensamentos; quanto mais não queremos pensar em algo, mais pensamos nisso. A solução é aceitarmos os pensamentos e quando eles são maus aprender a deixá-los ir. Para largar um pensamento mau, temos de nos distrair com algo bom ou neutro. Isto exige vontade e treino.

Sintomas de ansiedade

A ansiedade, enquanto doença, manifesta-se a 3 níveis:

Sintomas cognitivos (cabeça)

  • Apreensão;
  • Preocupação;
  • Medo de sofrer;
  • Medo de morrer;
  • Medo de perder o controlo;
  • Medo de enlouquecer;
  • Medo de ficar dependente;
  • Dificuldade de concentração e de atenção;
  • Desrealização (sentimentos de irrealidade);
  • Despersonalização (estar desligado de si próprio); …

Comportamentos

  • Agitação;
  • Nervosismo;
  • “Tensão interior”;
  • Comportamentos repetitivos;
  • Inquietude;
  • Evitar determinadas pessoas;
  • Evitar determinados lugares;
  • Irritabilidade;
  • Agressividade;
  • Gritos; …

Sintomas fisiológicos (do nosso corpo)

  • Tensão muscular;
  • Palpitações (dor ou mal-estar no peito);
  • Coração a bater forte ou taquicardia;
  • Sensação de falta de ar ou de sufoco;
  • Boca seca;
  • Entorpecimento ou sensação de formigueiro (parestesias);
  • Tremores;
  • Náuseas ou indisposição abdominal;
  • Sudação;
  • Frequência urinária; …

A ansiedade na pessoa adulta mais velha

Na população idosa, a ansiedade tem algumas especificidades, pois essas pessoas têm:

  • Dificuldade em descrever o seu estado emocional;
  • Referências a condições não específicas de mal-estar geral, não subsequentes a ameaças claras ou a uma sensação de medo ou terror reconhecível.

Maior evidência dos sintomas comportamentais:

  • Inquietação (sentir-se agitado);
  • Hiperatividade motora (movimentos repetitivos das mãos, dificuldade de manter uma ação ou estado durante muito tempo);
  • No idoso dependente, a ansiedade pode manifestar-se sob a forma de gritos ou gemidos ou queixumes frequentes.

Maior frequência de sintomas físicos ou somáticos (o que mascara a ansiedade):

  • Sintomas de hiperatividade autonómica (palpitações, sudorese, hiperventilação), podem ocorrer em crises de angústia;
  • O sintoma principal é, muitas vezes, a somatização (sensação de opressão, nó no estômago ou na garganta, dificuldade em respirar, cefaleias, dores de coluna, vertigens, náuseas, …).

 

 

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